sexta-feira, 11 de maio de 2012

“Panifesto” da Poesia Urbana contra o eufemismo e a cátedra


Que fique bem claro seu-dotô
a Poesia Urbana é uma praga
que se alastra como favelas
cheira à água de despejo
perturba como insônia
tem a força do tráfico
e o atrevimento dos pivetes do Brás

Não adianta fechar seus vidros elétricos
e viajar para a Glória, a baía, a linha do horizonte
pois a fome das ruas arranhará sua lataria importada
pichará sua parede
incendiará sua vitrine de magazines

Ela anda como os desprovidos
revela sem eufemismo`
as mazelas humanas
a cidade oculta
a tristeza dos chineses
a loucura reprimida dos garis

Se cuida, turista deslumbrado
um arrastão de versos miseráveis
invadirá sua praia
sequestrará seus fetiches literários,
seus continhos fantásticos,
e estraçalhará sua poesia plástica
num tiroteio hediondo

um conselho?
se não quiser perder a pose
corra para bem longe
esconda-se atrás dos muros doces da academia
dope seus jovens operários com boas doses de informação + títulos
e reproduza robôs mais fortes
o suficiente para dar conta do que você não deu

Aqui fora
as crianças ainda continuam praticando papai e mamãe
jovens morrem com a cabeça vazia no volante
existe uma massa de carne e osso dopada de altas doses-institucionais
escolas apodrecem
falta teatro, cinema orgia para o povo

E você catedrático... ah catedrático!!
só preocupado com a chegada de um livro importado
e o congresso no planeta Hermético

pic. Lucas FL.




















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