domingo, 27 de maio de 2012
sábado, 26 de maio de 2012
13hs
Toda cidade está asfaltada
aquela rua
não
lá
o homem das pernas trançadas
oscila na via
em estado de blecaute
quarta-feira, 23 de maio de 2012
Só para intelectuais
O filho de quatro anos
ao ver a porta do
banheiro encostada
chama pelo pai
o velho responde “hum”
O pequeno abre a porta
e depara-se com o pai no
vaso
segurando um livro
Daí
surge a pegunta filosófica
surge a pegunta filosófica
“Pai, você está
cagando ou lendo?”
terça-feira, 22 de maio de 2012
Na sonoplastia terror/erótico do contrabaixo
Não é vista para a avenida iluminada
e nem para ser vista no mar...
É vista grossa pra parede
paisagem fora do ar
pomar de frutas delinquentes
onde o facão é mera acrobacia no breu
Nesse quarto
existe quatro ângulos:
1º “o rosto revirado”
2º “olhos revestidos de veias pulsantes”
3º “pés lisos em sax-alto”
4º “quadris e coxas em pose pêra cortada”
Da janelas do nono andar
fotos desumanas,
envolventes
de uma menina loira do tipo sereia bêbada
e de um homem-tal-como-sujo
Dos ocorridos
um fruto foi desflorado
tessitura desmedida
sem prumo
sem pelo
defumado
dócil e cruel como tentáculos
Desfrutes de uma noite em claro
curtições de uma cidade inimiga
Ela foi a primeira das penúltimas
depois
tudo se tornou horror
certa carnificina
De humano e caloroso
só sobrou o mijo quente no piso de porcelanato,
o isqueiro
e os óculos de grau
A arte dos que não sabem pintar. pic. Lucas FL. |
sábado, 19 de maio de 2012
terça-feira, 15 de maio de 2012
segunda-feira, 14 de maio de 2012
A fraude Marginal II - O Eu-babuíno
O lado canhoto do peito
onde reside um certo cujo
coberto por osso carne e pelo
vai ser amassado para reciclagem
Nessa manhã
uma cor reverbera nas mãos,
é a sangria escorrendo de uma lata de refrigerante
Escuto o discreto eco das marteladas pela cidade
e dois terços das manobras políticas erradicando sei lá o que
O portão aberto
e um carro de som anuncia:
“Perigo”
_Nas ruas
a senhora Hibridez anda à solta!
Nas manchetes do dia:
"Literata morre de tristeza num motel"
"Em Tiradentes
a tela de projeção "pega fogo",
carbonizando a frágil plateia-cult"
"Professores de arte reivindicam
menos poesia"
"Avó aposentada
acorrenta o vício da neta
no pé da cama"
. . .
Eu crente nesse mundo...
Eu crente nesse mundo...
E um movimento-carente estudantil
ao me ver comprar aquele jornal,
grita:
sexta-feira, 11 de maio de 2012
“Panifesto” da Poesia Urbana contra o eufemismo e a cátedra
Que fique bem claro seu-dotô
a Poesia Urbana é uma praga
que se alastra como favelas
cheira à água de despejo
perturba como insônia
tem a força do tráfico
e o atrevimento dos pivetes do Brás
Não adianta fechar seus vidros elétricos
e viajar para a Glória, a baía, a linha do horizonte
pois a fome das ruas arranhará sua lataria importada
pichará sua parede
incendiará sua vitrine de magazines
Ela anda como os desprovidos
revela sem eufemismo`
as mazelas humanas
as mazelas humanas
a cidade oculta
a tristeza dos chineses
a loucura reprimida dos garis
Se cuida, turista deslumbrado
um arrastão de versos miseráveis
invadirá sua praia
sequestrará seus fetiches literários,
seus continhos fantásticos,
e estraçalhará sua poesia plástica
num tiroteio hediondo
um conselho?
se não quiser perder a pose
corra para bem longe
esconda-se atrás dos muros doces da academia
dope seus jovens operários com boas doses de informação + títulos
e reproduza robôs mais fortes
o suficiente para dar conta do que você não deu
Aqui fora
as crianças ainda continuam praticando papai e mamãe
jovens morrem com a cabeça vazia no volante
jovens morrem com a cabeça vazia no volante
existe uma massa de carne e osso dopada de altas doses-institucionais
escolas apodrecem
falta teatro, cinema orgia para o povo
E você catedrático... ah catedrático!!
só preocupado com a chegada de um livro importado
só preocupado com a chegada de um livro importado
e o congresso no planeta Hermético
pic. Lucas FL. |
segunda-feira, 7 de maio de 2012
Maquina de poema
Você escritor
que mais parece um entulho de jornais
uma coisa retorcida, enferrujado
mal vista
sem utilidades
infectado
que não cabe mais pilhas
que não cabe mais pilhas
e nem o futuro elétrico
Sucata de sangue
de rodas empenadas
que não se vê no espelho
só em poças
Já teve pressa
alguns livros
muita estória pra zoar
um velho pai
um velho pai
um filho
hoje despreza
o amor
Roberta Roberval
Viajei para Pouso Alegre
e a coisa mais peculiar daquela cidade a noite
foi avistar alguns travestis garantindo o ponto e o pão
ao lado da rodoviária
Tenho que dizer
que são belas criaturas irreverentes
inveteradas fumantes
altas e desengonçadas
mais vivas do qualquer atleta de maratona
e mais macho do que muito militar
Num frio do cão
elas ainda conservam uma metade do corpo exposta
dispostas a tudo e a todos
só rezam apenas para não apanharem
Olhei para lua esburacada
e fiz reverência a força humana
Salvador Dalí.
sábado, 5 de maio de 2012
Bolsa de valores
No compasso lento da
ambição
Lá, travestis, escroques,
_Acalmem-se garotinhos carentes, todos terão sua vez!
o trânsito entupido de
calhambeques
ronca a espalhafatosa
pólis
Tavares
em série
mesmo com o corpo
derretendo
e a solidão lhe
apodrecendo
mantém sempre o vidro
fechado
para evitar indesejados:
ambulantes
malabares
balas de goma
balas de 38
canivetes
pistolas
ciganos
. . .
Sujeito engravatado
dos ponteiros
das escalas
que desembaça as
lentes do óculos com lenço fino,
que range os dentes
e que não tem nada à
declarar
considerado discreto.
A família em casa
reunião depois do
expediente
Uma carreira promissora
acima de suspeitas
Ao sair de casa
ele recebe “a”
ligação,
um som sombrio
pede apenas atenção,
em seus ouvidos
uma voz dá
as coordenadas:
“a saída da cidade
a saída”
e
antes de desligar
perversa
Seu
coração acelera pisando
fundo na maquina
A luz fraca de espreita o retorno da rodovia
a jukebox movida a
moedas gordas
faz companhia aos
recém-chegados que ali adentram
Região conhecida
como
Boca do sapo
Boca do sapo
Lá, travestis, escroques,
prostitutas,
caminhoneiros
e burocratas acima do
peso
fritam seus cérebros
com cal virgem e whisky adulterado
Noite abafada
todos aguardando
a nova sensação da
boate
Importada direto da
capital paulista,
terapeuta sem frescuras
sem limites
ninfa desalmada
espancadora
performática
ex-artista
viciada
e venenosa
Depois de gastar várias
fichas na jukebox
e beber algumas
Tavares avista um
transexual abrindo a cortina vinho
anuncia a
apresentação da esperada “Ninfa do pecado”
mais conhecida como
"Naja"
E eis que surge a
dançarina,
maquinaria desvairada
exalando diversões
girando seu belo corpo
natural num cilindro metálico
desorientando com sua
pele branca e delicada
aquelas mentes
compulsivas
reprimidas de desejo
e fúria
No fim da apresentação
todos a desejavam
gritavam "Naja!" "Naja!" sem parar
_Acalmem-se garotinhos carentes, todos terão sua vez!
_ Hoje será uma sessão
de dez minutos para cada um, preparem-se meus docinhos!_ela sorriu.
Na toca da Naja
não foi diferente para
o nosso cidadão,
apanhou na cara
ficou de quatro
amordaçado para ela montar
fez beicinho
babou
implorou pela mamãe
tomou um banho de urina
foi torturado com o
salto alto cravado no peito
recebeu várias
chicotadas
teve que gritar várias
vezes que sua esposa era uma vadia de boutique,
cadelinha de luxo no cio
e sem mais delongas,
o ápice da atração,
o ápice da atração,
a nossa querida Naja
enfiou-lhe um exótico “consolo” cromado
e o ordenou Tavares assumir
em voz alta:
EU SOU UM MORFÉTICO!
Na saída
quase que num estado de
nirvana
ele a agradeceu pelo
momento proporcionado
e disse
que da próxima vez,
trará bombons suíços.
Chegou em casa às 23hs
beijou a esposa
cobriu a filha
conferiu as janelas
e foi dormir na paz.
Assinar:
Postagens (Atom)