Um galo dá de comer a um filhote de homem ancorado num poleiro
o sujeito se contorce para receber a coisa ruminada em sua goela
Do lado de fora do galinheiro
uma mulher baforando faz brotar de seu ombro caído
uma víscera paquidérmica
que cresce tão rápida como uma trepadeira vaporosa
subindo pelo ar
esguichando um grunhido vermelho
Percebendo a infertilidade dos atos
e sem condições para chamar a atenção
ela pede em nome do
Rabo
um punhal
O pequeno sujeito possui a tal lâmina pendurada no cinto
e ao suplício da Mulher
ele mira débil,
bem no pomo de adão enrugado do cocoricó
mas lhe falta o seco
Percebendo o hesitar humano
ela blasfema
e em troco
expõem centenas de seios na praça do parlamento
Esfomeado
ele finge de desentendido
curva-se ainda mais para receber o regurgito
pedregoso daquela ave
sem horizonte
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Paula Rego |