terça-feira, 7 de junho de 2011

Ecos

Minha escrita é qualquer coisa
menos poesia
é a pura conversa fiada
não tem verdades
nem medidas
o típico papo furado
feita para descarte imediato

Sua composição
é pura maravalha
restos de um marceneiro cansado
velho, quase surdo
Que toca a vida
com seu rádio empoeirado
cheio de gambiarras
fios desencapados
de precária sintonia

É sintomaticamente feia
retirada de corpos doentes
semelhante a
apendicites
hérnias
vesículas
verrugas
e pequenos cânceres benignos

Não embala amantes
não incita a juventude
não provoca o estado
não inspira

Até poderia comercializá-la
como veneno para ratos
ou como soda para desentupir pias

Meus versos
valsam com o mal gosto.

4 comentários:

Anônimo disse...

Este foi com certeza um dos seus poemas mais magníficos. Faz páreo com os grandes

O Filósofo disse...

Bacana hein marceneiro...

Igor disse...

Poeta, talvez seja melhor, afinar o coro dos descontentes?

=)

Igor disse...

Poeta, talvez seja melhor, afinar o coro dos descontentes?