quarta-feira, 25 de abril de 2012

Cidade Afoita

Precisa-se rever
o gosto pelos óculos escuros

essa armação humana

gera um tipo de defeito
incômodo
como dois estranhos num espelho de elevador
. . .

Em cena
nas calçadas de carbono
representações da miséria plástica
sob o grito soterrado
o trapo
e o pombo

A fome de cortes
a fome da pele
a fome do escândalo
não existem

Uma viagem entre corpos sufocados
invadidos
por pichações sanguíneas
violados pelo risco iminente da magreza
e do desejo

Nessa flor retorcida em vergalhões
surda de olhos
e muda das mãos
o amor se perde em engarrafamentos
ou no passar súbito do metrô

A multidão
o semáforo no vermelho
a travessia
a estática

A beleza das vitrines
o resistir
o outdoor
r u i n d o . . .  r u i d o s. 







pic. Eduardo Guimarães (Duduzão)

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