Imagino um mambo
No embalo do trombone e da conga
Uma face vitral
Eu diria
A absurda fatalidade
Esse prelúdio pode acabar mal
onde os passos tropeçam ardentemente
sem ajeito de gola
no embaraço da cabeça ao leito
dente a dente
dente a dente
No embalo do trombone e da conga
ouço um par dançante se chocando
vejo luzes afoitas acendendo e apagando em
prédios
e um morro recortado por Gaudí
Peças esparsas no colchão
uma cama-de-gato
somos dois três Mi Sol
um
quarto-barato
um mosaico
um mosaico
Uma face vitral
onde o vento
atravessa assoviando uma
canção
em Dó
menor
uma coisa de mal
Eu diria
uma insanidade em partes
ruída nas poucas horas que lhe resta
indiscriminadamente
uma odalisca estilhaçada
que entre as pernas,
troianos e Helenas-loucas
let's dance
A absurda fatalidade
de poder ser espatifado por uma paixão
faz um crivo no peito
onde vaza salsa e coentro
Esse prelúdio pode acabar mal
mas o dorso
o risco
até o tédio
versa
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