A mão desce a alcinha para um outro ângulo
curativo no dedão
e um olho esbugalhado
Ana pra baixo
Regina dirigindo
Um negro na rua
trajando
parte de uma farda camuflada
Na terceira marcha
o para-brisa desperta
e o vidro chuvisca
Passa em sépia:
uma praça defumada
chafariz magro
bancos morgados de sono
O cheiro da foda vazando
indo pra sarjeta
o cara no chão
o carro em fatias
Regina maquiagem
Ana mascarada
e o negro sabotado
vão se decompondo
cada qual em seu canto
Os três em alarido
com defeito de fabrica
num teste drive
tudo fechado
tudo fechado
tudo fechado
Amanhã eles trabalham
pegam cedo
Regina dentista
Ana vendedora
o Negro frentista
Tela: Ernest Descals |
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