Seis da manhã
olhos entreabertos
sono pedente
aquele resto de juventude despertando
As duas canetas esferográficas no bolso
documento de identidade
e o papel indicando o local da prova
Adentra a cozinha
a mesa
cinco conto pela metade
cinco conto pela metade
pratos e talheres molestados
a pia enfurnada de louças sujas
formigas
formigas
Passa pela sala
uma bicicleta revirada no piso frio
cds espalhados
um livro
manchas de infiltrações
mofo nas periferias do comodo
Abre a porta que arrasta no chão
sobe os degraus verdes de musgo
o portão cinza ressoa como um galo enferrujado
Ao ver a rua de outono
um vento seco e psicanalítico esbarra-lhe
os lábios ressecam
e por um instante
seus olhos se empoçam de lágrima
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