quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Congestão/km28 P/ Franz Kline

Franz Kline


















Uma cabeçada no viaduto
...
uma tesoura aberta na testa do passageiro
...
uma pincelada escura em alto-relevo rasgando
o frescor visual de um cartão-postal
...

Atravessando um cochilo
o breu do túnel o engole vivo
o almoço aperta no estômago
a avenida sua a 43º

Perto do metrô
um Corretor faz palavras-cruzadas:

begônias ladrilho madressilva
branco-gelo nicotina fremir
espartilho Cortazar imposto trapézio
arraia projétil tela a cores
Cochabamba escapamento Paker
pulseira opus lince alado

O taxista não segura as pontas
derrapa no avesso
numa curva-Lygia-Clark

Rodas viradas pra cima
o sujeito-ferragens
nariz francês deslocado

Pernas contorcidas
e a amante-ritalina
beija-vermelho-súbito o painel duro do veículo

Franz Kline



sábado, 4 de janeiro de 2014

Ratomânticos



Somos 2/4
separados por uma
sintonia
si-losango

refratores
camisa de força
camisas de Vênus

já é tarde
...

Ambos não se pegam nas mãos
asas enferrujadas
céus!

anjos pesados
amantes-
meia-bomba
...

Você anda com as veias empoeiradas
com as hélices suando frias
romântica

eu corro para o precipício
de velhas vanguardas
hospícios
...

Se em cada
riso
“tu” morfina

eu racho
em pedradas
viro esquina pichada
...

Trafegamos em andaimes bambos
aranhas
arranhas céus
antenas
obeliscos
o jorro

tu dormes em ombros
acorda
atola em carcaças
clara de ovo
em pelos
orifícios

viciada em si...

eu sumo
eu farto

Max Ernst