pic. Lucas FL.
Pelas manhãs
Arrastamos nossas pernas quebradas pelos corredores vazios
sentamos no chão do banheiro
e com os dedos magros e trêmulos
escrevemos no papel higiênico
a canção plasmática dos ventiladores
. . .
Nas tardes ensolaradas
bebemos o amargo da tintura turquesa
e ingerimos dipirona-plástica para contemplar -
as sondas torácicas drenando o pus da metade morta
. . .
Ao escurecer
procuramos abrigo na biblioteca
e com a luz apagada
usamos os livros alemães como vibradores
No ápice dessa conquista disrítmica
cria-se o beijo com o batom cor vertigem
e esquecemos dos nossos nomes
fissurados unicamente no flerte psíquico